quarta-feira, junho 20, 2007

Coisas Boas terceira parte ou o que deixei para tráz (até a hora do almoço)

Seria interessante pensar no que ficou para trás. De que eu abri mão para ter o que tenho hoje? Como forma de mostrar isso descreverei um fia meu, uma terça feira, aproximadamente 7 meses antes de vir pra Viçosa.

Era uma época atípica em vários sentidos. Não fazia mais cursinho, havia feito por um ano e não tinha obtido êxito algum. Fiquei seis meses da minha vida sem estudar, nunca fiquei tanto tempo assim. Estava na academia, 37.5 de braço. Estava forte. Trabalhava como faz tudo na Loja Karita. E faz tudo tem muita coisa pra fazer, afinal, faz de tudo mesmo. Nunca fica atoa.

Eram sete horas da manhã. Minha mãe e meu pai já haviam saído para trabalhar. Meu irmão para a escola, só sobrara eu, a Ana Paula e minha vovô em casa. Todo dia eu acordava nessa hora. E continuo acordando. como era difícil. afinal o dia anterior tinha sido uma sucessão de escadas com peso nas costas. E o fim era pegar pesado na academia. Vamos ao café da manhã: um maravilhoso pão com margarina, um não, um não me mataria a fome, dois pães com margarina e um copo de café com leite. E a vovô lá. Todo dia esquentava meu leite, morno do jeito que eu gosto.

Mas o tempo passa correndo. Não posso nunca terminar de ver o bom dia Brasil. Já vou chegar atrasado. Ou encima da hora. Não sei. Tenho que correr. O relógio não espera ninguém. E minha bicicleta não tem asas. nem espero que um dia tem, odeio altura.

Ruas e morros, e ruas e buracos e o que vejo logo à frente? Meu chefe, O Vanir. um burguês padrão. Faz boas ações. Ajuda os pobres e me paga muito mau. Mas eu gosto dele. Está pendurando as roupas na entrada da loja para ficarem à exposição das pessoas que passam na rua. e eu tenho que ajudá-lo. Bom mais como sempre, já tem serviço pra mim.
_Paulinho! tem gente pra atender lá no atacado.
E eu peguei minha bicicleta e fui pra lá. Era sempre assim. Chegava alguém pra atender e lá ia eu para o batente.

Esse caminho eu conhecia muito bem. O caminho da loja para o atacado, que era uma espécie de depósito onde eram vendidas roupas para lojistas de pequeno porte e que eu era o atendente. A minha carteira de trabalho dizia "balconista". Mas eu gostava mesmo era de vender no atacado. Não só porque muito dinheiro passava pelas minhas mãos, mas porque era onde eu podia exercitar o que gostava mais de fazer, falar mentiras e enganar as pessoas. Afinal, isso é coisa de quem vende. Vender é a arte de convencer. Não importa se a mercadoria tinha pouca saída, não importa senão prestava. O cliente tem sempre razão, e esta razão é vantajosa na medida que eu era capaz de manipulá-la.

_Esse aí parece que tem pouco dinheiro. Mas acho que dá pra arrancar uns quatrocentos reais. Então mãos a obra.
_Senhor! Como é o seu nome?
_Eu vim aqui só pra olhar. Qual é o mínimo de compras aqui?
_Trezentos reais.
_Só?
_É.
_Então vou levar alguma coisinha hoje.
_Mas eu acho que já falaram com o senhor que só aceitamos pagamento em dinheiro.
_Não me haviam dito.
_Então eu estou dizendo. Só dinheiro.
_Isso não é problema.

Meus olhinhos brilhavam nesses momentos. (hehehehehehe)

_Bom saber.
_O que você disse?
_Pode ficar a vontade.

E ele olhava, e eu falava, e ele escutava e eu cada vez mais conseguia tirar mais mercadoria das prateleiras. E o tempo passa. Aí apareceu a Nita. Erenita, minha patroa.

_Paulinho!!! Quem tá aí?
_Eu e freguês Nita.
_Tá quase na hora do meu almoço.
_O Roberto deve estar quase chegando do almoço dele.
_Ele chega e você vai almoçar.

Mas Roberto sempre chegava atrasado e ia fazer outra coisa. Eu sempre ia almoçar tarde. Teve dia de eu ir almoçar às 14 horas. Quase morria de fome. Sentia a mais valia na pele. E eu nem sabia o que era a mais valia. Sabia sim. Já tinha feito cursinho.

_Paulim! Cheguei. Pode ir embora que eu termino de atender. Nossa!!! Esse monte de coisa. Eu num consigo fazer essas contas não. Vou chamar o Vanir pra fazer isso.
_Deixa de ser preguiçoso. Eu faço porque você não faz?
_Mas você é inteligente e eu não.
_Tá bom. Então chama então. Eu vou almoçar.

Peguei a minha bicicleta e fui embora pra casa comer comida fria. Tenho preguiça de esquentar comida. Tenho preguiça de fazer um monte de coisa mesmo.

(continua...)

2 comentários:

Diogo disse...

Você tinha que explicar quem era o bola!!!!!!!!!!!!!

Renato Luiz disse...

Legal!
Vida não muito fácil hein?


Obs: Vc tem certeza de que essas letrinhas são necessárias alí embaixo para eu poder comentar?
São muito chatas...