sábado, agosto 08, 2009

Aquela esquina vazia

Ando e ando
Não importa o quanto avance
Aquela esquina que um dia tinha você
Aquela esquina
Da cidade onde moro
Hoje não tem mais ninguém
Só rostos que se repetem na estranheza dos dias
E na vastidão das passagens das semanas
Dos meses
Essa mochila já não é mais a mesma
As idéias não são as mesmas
As festas não são as mesmas
Por isso nem eu sou mais o mesmo
Os passos já não caminham para os mesmos lugares
Os amigos não moram logo ali
E essa saudade que teima
E me consome
E me vence todos os dias
Os finais de semanas solitários
Cercado de uma multidão
Aquela mulher maravilhosa que vi hoje no ponto
Perto daquela loja
Nunca mais vou ver em toda a minha vida
Não há mais lugares comuns
Os pés não se firmam no chão
O ar queima meus pulmões
Não vejo, nem sinto cheiro da terra
A terra ainda existe debaixo de todo esse concreto?
A humanidade existe debaixo de toda essa impessoalidade?
Quanto tempo vou resistir?
Quanto tempo vou existir?
Ainda existo?
Engrenagens não tem vontade própria
Quando eu era alguém
Porque alguns me conheciam
Achava tudo chato
Achava tudo sofrido
Agora, no meio desse vazio populoso
Apenas procuro você
Meu amigo
Naquela esquina distante
Que eu nunca alcanço
Mas que provavelmente ainda está lá
Fui eu que mudei
De perto daquela esquina que eu era alguém

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